sábado, 4 de junho de 2011

Solidão...

Hoje o Globo Repórter falou sobre a solidão. Um problema que assola grande parte da população e que é responsável por uma boa parcela dos problemas físicos, acometidos pelos solitários.
Dentre os vários depoimentos mostrados, o que mais me chamou a atenção foi a historia do Sr. Figueiredo. Um homem aposentado que vive com a esposa e trabalha com artesanato. Passa todos os dias trancado em um quartinho fazendo seus trabalhos, envolto ao silencio e concentração. Sempre sozinho, ele nunca sai de casa, exceto as terças-feiras. Nesse dia ele passa quatro horas no transporte publico para ir ao curso de artesanato de um hospital, onde é o centro das atenções, coberto de elogios, amigos e quem sabe até, uma paquerinha para sair um pouco da rotina! Nem parece a mesma pessoa mencionada nas linhas acima!
Acontece que o Seu Raimundo não mora sozinho! Ali, naquela casa, bem no quarto ao lado, mora a Sra. Emília Figueiredo, a esposa. Uma mulher que sempre viveu para a família e a casa e que hoje, se entrega a seus crochês, na ânsia de esconder a saudade que tem dos filhos, amigos e principalmente, de seu marido! Ela sofre do tipo mais cruel de solidão. A solidão a dois...

Este tipo de sentimento, talvez tenha como principal causa, o medo de ficar sozinho. De se descobrir desamparado, indigente e perdido. É com base nesse medo, que as pessoas se envolvem em uma rede de mentiras, procurando esconder o que incomoda e assim, acabam afastando o companheiro. O Sr. Figueiredo disse que para fugir da depressão é preciso encontrar uma forma de ocupar a mente e que ele já tinha achado a dele. Mas, o acordo não era “amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença” ¿ Por que, ele não procurou se entender com a Dona Emília¿ Por que ele não vê que é ela quem talvez precise mais da sua disposição e bom humor¿ E ela por que não se separou¿ Será que esse amor é tão forte assim¿ Será que um dia existiu amor, ou o casamento foi uma forma de garantia do futuro, uma conveniência¿.
Complicado isso... O programa também revelou que mais de 60 milhões de americanos sofrem de solidão. São pessoas que tem dificuldade de conviver com si mesmas, de não pertencer a um grupo ou família. É sabido que antes de gostar de alguém, é preciso gostar de si. Passar um tempo com você mesmo também permite que saiba o procurar no outro, e o que doar em troca. Permite que os sentimentos sejam mais intensos, verdadeiros e consequentemente mais duradouros. Somente entendendo quem somos nossos limites, poderemos nos entregar a alguém sem que esse alguém nos tome a identidade, levando-a consigo numa eventual partida e deixe o enorme vazio, chamado solidão!